Sônia Oliver nasceu na cidade de
Acaraí, sertão do Rio Grande do Norte. Aprendeu música aos 12 anos na
Filarmônica Maestro Felinto Lúcio Dantas, onde atuou por 3 anos. Depois foi
inaugurar a Filarmônica de Carnaúba dos Dantas (RN) com o Mestre Pinta, lá Sônia
ganhou o apelido de “A menina dos 7 instrumentos”, porque tocava Saxofone,
Trompa, Pratos e Bombo, auxiliando o maestro como professora de música. Em
paralelo a isso tocava corneta na Banda Marcial do colégio onde estudava e onde
foi escolhida para ser a maestrina da Banda de 1980 à 1988.
Quando tinha 19 anos os pais se
separaram. A mãe teve que trabalhar na capital e Sônia teve que cuidar dos seis
irmãos. Para completar a renda da família, trabalhou como costureira fez
artesanato, foi manicure, telefonista e outros. Ainda assim, alimentava o sonho
de ser saxofonista profissional. Mas não podia deixar os irmãos sozinhos, então
pediu à avó que estava se aposentando para dar o emprego a sua mãe e assim, ela
voltar para cuidar dos filhos, para que pudesse ir em busca de seu sonho.
O instrumento que utilizava era da
Filarmônica, não podia levar, então tocando carnaval, aniversário, festa para a
Prefeitura, juntou dinheiro e comprou um sax usado. E a passagem? Como poderia
viajar para outro estado se o dinheiro foi usado para comprar o sax? Descobriu
que o pai de uma amiga que é caminhoneiro, iria levar uma carga para o Rio de
Janeiro, mas passava pela Bahia, e foi de carona num caminhão que Sônia partiu
em busca dos seus ideais. O caminhoneiro foi até Feira de Santana, e quando se
viu sozinha e tão longe de sua terra, sentiu medo e começou a rezar, foi quando
se deparou com um outdoor com a frase: “EU QUERO. EU POSSO. EU VOU”, entendeu
então, que Deus estava lhe mandando uma mensagem de otimismo, enxugou as
lágrimas e logo foi acolhida pelo tio Bento, que fora lhe buscar, morou na casa
do tio em São Sebastião do Passé por sete meses.
Foi para Salvador se especializar em
saxofone. Conheceu o Maestro Fred Dantas e passou a integrar a Filarmônica
Oficina de Frêvos e Dobrados e a Orquestra Fred Dantas. Estudou saxofone na
UFBA e logo foi ensinar aos principiantes, fez o curso para Mestres de Bandas e
passou a exercer profissão de Maestrina e Professora de Música.
Como Saxofonista trabalhou nos seguintes
grupos:
Sônia
Oliver e Musisax;
Cerimonial
de Casamento e IBARRA;
Orquestra
Fred Dantas;
Orquestra
Zeca Freitas;
Orquestra
Paulo Primmo;
Banda
Batom Lilás;
Banda
Didá;
CIA
de Dança e Foguedos;
Sônia
Oliver no chorinho.
Como
regente trabalhou com as seguintes Escolas de Música:
Filarmônica
11 de fevereiro – Camaçari-BA;
Filarmônica
30 de junho – Serrinha-BA;
Filarmônica
Ambiental – Barra do Pojuca;
Filarmônica
Lira de Maracangalha – São Sebastião do Passé-BA. (Atua desde 2002)
A
Escola de Música de Maracangalha foi fundada em setembro de 2002 pelo Prefeito
Zezito Pena, Emilton Rosa e Maestro Fred Dantas. Sônia Oliver foi contratada
para ensinar, adotou a própria metodologia, começou com 120 alunos e em 03
meses os 30 alunos de flauta doce já estavam tocando até dobrado na flauta. Em
2005 conseguiu 25 instrumentos de metal para a realização da Filarmônica. A
prefeitura sempre foi patrocinadora, mas para atender outras necessidades da
instituição promoveu diversas festas.
Em 2012 com a mudança de prefeito
ficou 10 meses sem remuneração, as dificuldades aumentaram, para sair de
Maracangalha tinha que arriscar uma carona, quando perdia a carona dos
professores pela manhã, saltava na entrada e caminhava até Maracangalha para
atender os alunos que estavam lhe esperando. A essa altura a paixão pelos
alunos e pelo lugar já era imensa, mas precisava sobreviver, estava bem
complicado já que o Prefeito estava arrumando as contas da prefeitura. Na
véspera do dia das mães um aluno, liga e diz:
- Pró não nos abandone, não vá para outra
Lira.
E ela
respondeu: - Se for para outra Lira vem outro Maestro.
Ele
disse: - Não, a gente não quer outro maestro, a gente quer a senhora.
Sônia conta que chorou muito e sempre pedia a Deus que lhe
desse luz. A essa altura as dívidas já se acumulavam, porém o futuro daquelas
crianças e adolescentes da comunidade estava nas mãos dela. Pois reconhece que
seu trabalho é uma forma de alimentar sonhos e transformar vidas. Por um
momento lembrou da frase “EU QUERO. EU POSSO. EU VOU”, foi em busca de solução,
colocando o projeto através de editais, conseguiu colocar na FUNARTE para
ganhar cinco instrumentos. Foi aprovado.
Inscreveu o projeto no Criança Esperança em 2013, foi ao
Prefeito Janser Mesquita e pediu que firmasse um convênio, pois a sorte estava
mudando, mas ela precisava voltar a ensaiar, nesse meio tempo participou do
edital da Petrobras, tão logo o Prefeito assinou o convênio, saiu o resultado
positivo do Criança Esperança e da Petrobras.
Atualmente a Lira está no segundo ano de apoio do Criança
Esperança, o Petrobras será por dois anos e com possibilidades de mais dois. Na
época da crise a escola sobreviveu com 15 componentes, hoje têm 80 caminhando
para 100.
O maior objetivo da Maestrina Sônia Oliver, é que a
instituição se fortaleça buscando o caminho da auto sustentabilidade, porque é
através da Educação e Cultura que pode-se transformar o mundo. Sônia já
trabalhou com várias Filarmônicas, mas foi na Lira de Maracangalha que além de
música pode desenvolver a habilidade como gestora por força das circunstâncias.
O próximo projeto de Sônia é criar uma Filarmônica em
Lamarão, Banco de Areia, Jacuípe e na Sede.
Texto e Foto: Tamires Patriota
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